sábado, 6 de dezembro de 2014

[Opinião +D] Gratuito Sim, mas com excelência!

Como sabem sempre fui a favor de um ensino superior gratuito.

Acho que este flagelo não é imediato, mas que só daqui a 10 ou 20 anos, quando não tivermos quadros superiores para dinamizar e consolidar a economia, a sociedade portuguesa e de certo modo a sua soberania.
Por isso, discordo dos que me são pares quando me dizem que o ensino gratuito é desprestigiante. Mas respeito-os na sua opinião divergente da minha, pois só assim é verdadeiramente democrático e se entende o que é viver numa república.

No entanto, em geral da sociedade, entende que o que é gratuito, seja lá qual for o produto, é mau porque a qualidade é menor, pouco exigente e desprestigiante (mesmo que o produto seja feito de igual forma e com a mesma qualidade). Por norma aponta-se os casos de jornais gratuitos serem um clássico desse paradigma bem como outros produtos de consumo da sociedade civil. Até certo ponto o ensino pode ser um produto/serviço, mas temos que perceber que as decisões que se tomam com ele têm consequências sérias que não se pode ser tratado com a leviandade.

Vamos olhar para União Europeia. Reparamos que a maior parte dos seus só cobra parcialmente o valor das propinas e que a Europa do Norte e a Alemanha não cobram qualquer taxa de agregadas ao ensino superior. São gratuitas as passagens pelo esses estabelecimentos de ensino e aliás são esses países que vêm que Portugal e Espanha como uma ameaça no futuro das suas economias, uma vez que deixamos de necessitar dos seus serviços e passamos a ficar emancipados. Ainda nestes países a excelência do ensino é uma constante, bem como um grau exigente com os seus alunos, pois entende-se que se é gratuito há que ser mais responsável.

Portugal é um país onde em média se paga uma taxa (normalmente chamada de propina) máxima de 4000€/ano (fora materiais e outras coisas necessárias), mas que é um contraste com a Alemanha, em que este ano deixou de cobrar propinas por estas serem “(...) injustas. Elas desencorajam os jovens que não vêm de famílias que tradicionalmente ocupam um lugar na universidade”, afirmou Dorothee Stapelfeld ao jornal “The Guardian”.

Isto também levanta o problema que é latente: as famílias carenciadas, na situação atual não podem pagar propinas e os seus resultados são os que estão há vista e que já escrevi anteriormente.

O que então se deve fazer?

Na minha opinião devia-se seguir o exemplo da Alemanha no que toca a um ensino gratuito, mas com um modelo sustentável. Devíamos abolir os “numerus clausus” que coloca pessoas num pedestal para cursos de profissões das quais não têm a mínima vocação. Deviam existir provas vocacionais para prevenir tais eventualidades. É preciso ter um ensino que desde a primária ao secundário que ensine a responsabilidade aos jovens e que também ensine cidadania.

Grande parte da culpa dos nossos alunos terem menos consistência, a meu ver deve-se ao corpo docente, mais concretamente aos diretores e reitores que para terem mais popularidade entre os alunos baixam o nível de exigência. Não é pelo curso ser gratuito.

Isto assim não pode continuar!


Ricardo Trindade Carvalhosa  (membro da Coordenação Nacional do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.



Sem comentários:

Enviar um comentário