quinta-feira, 6 de março de 2014

[Opinião +D] Ter esperança

Sempre acreditei que os Homens são essencialmente bons e que só mudam de acordo com o ambiente e educação em que são criados e, também, pelas experiências que vão tendo ao longo da vida. Chamem-me ingénua ou outra coisa qualquer mas escolho continuar a acreditar nisto.
Contudo, há dias em que é difícil continuar a defender esta minha crença. Há dias em que é difícil ter esperança. Há dias em que o peso dos Senhores do mundo parece vencer de vez. Ligamos a televisão e ouvimos essa terrível notícia que pode estar mais uma guerra prestes a começar. Um povo que se insurgiu contra uma governação corrupta e abusadora do poder e  o resultado é este? 
Quem ganha com tudo isto? Que direito têm nações mais poderosas de intervir na decisão de um povo em relação às questões da sua soberania e governabilidade? E que papel têm aqui os poderes supranacionais que supostamente existem para regular a paz no mundo? Porque continuam os senhores da guerra a ser mais apoiados que as forças da paz?
Todas estas questões ressoam na minha mente e, neste momento, o mundo e a forma como escolhemos ser governados não fazem sentido para mim. Penso nos ucranianos que corajosamente se uniram e lutaram para derrubar um governo usurpador. Penso nas famílias, nos pais e nos filhos. Penso nos jovens soldados, de ambos os lados, que foram chamados à luta e nada disto faz sentido.
Onde está a minha esperança? Onde está a essência original do Homem que tende para o bem? O mundo tem de mudar, as nossas prioridades também. Assim como a nossa forma de educar os nossos filhos. A forma como deixamos passar impunemente a corrupção, como nos calamos à injustiça e ao que está mal. A maneira como nos relacionamos uns com os outros e aquilo que escolhermos como prioritário na nossa vida.
Tudo isto tem uma origem e essa origem chama-se ânsia de poder. Essa desmesurada ganância com que educamos as nossas sociedades e nos habituamos a que fosse a questão central no nosso viver. Achamos que somos felizes se possuirmos muitas coisas e tivermos muito dinheiro. Acabámos por nos convencer que, para isso, precisamos de ter poder. Nós Homens e nós nações. Deixámos de nos preocupar com a busca da felicidade ou, simplesmente, passámos a acreditar que ter é sinónimo de ser. Erramos na forma como construímos as nossa sociedade e é, por isso, que o Homem se continua a afastar da sua essência originalmente boa mas apesar de tudo, eu continuo a acreditar que cada um de nós a quer voltar a reencontrar e é isso que me dá esperança.

 
 
Margarida Ladeira (Membro da Coordenação Nacional +D)
Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

Sem comentários:

Enviar um comentário