Sempre
acreditei que os Homens são essencialmente bons e que só mudam de acordo com o
ambiente e educação em que são criados e, também, pelas experiências que vão
tendo ao longo da vida. Chamem-me ingénua ou outra coisa qualquer mas escolho
continuar a acreditar nisto.
Contudo,
há dias em que é difícil continuar a defender esta minha crença. Há dias em que
é difícil ter esperança. Há dias em que o peso dos Senhores do mundo parece
vencer de vez. Ligamos a televisão e ouvimos essa terrível notícia que pode
estar mais uma guerra prestes a começar. Um povo que se insurgiu contra uma
governação corrupta e abusadora do poder e o resultado é este?
Quem
ganha com tudo isto? Que direito têm nações mais poderosas de intervir na
decisão de um povo em relação às questões da sua soberania e governabilidade? E
que papel têm aqui os poderes supranacionais que supostamente existem para
regular a paz no mundo? Porque continuam os senhores da guerra a ser mais
apoiados que as forças da paz?
Todas
estas questões ressoam na minha mente e, neste momento, o mundo e a forma como
escolhemos ser governados não fazem sentido para mim. Penso nos ucranianos que
corajosamente se uniram e lutaram para derrubar um governo usurpador. Penso nas
famílias, nos pais e nos filhos. Penso nos jovens soldados, de ambos os lados,
que foram chamados à luta e nada disto faz sentido.
Onde
está a minha esperança? Onde está a essência original do Homem que tende para
o bem? O mundo tem de mudar, as nossas prioridades também. Assim como a nossa
forma de educar os nossos filhos. A forma como deixamos passar impunemente a
corrupção, como nos calamos à injustiça e ao que está mal. A maneira como nos
relacionamos uns com os outros e aquilo que escolhermos como prioritário na
nossa vida.
Tudo
isto tem uma origem e essa origem chama-se ânsia de poder. Essa desmesurada
ganância com que educamos as nossas sociedades e nos habituamos a que fosse a
questão central no nosso viver. Achamos que somos felizes se possuirmos muitas
coisas e tivermos muito dinheiro. Acabámos por nos convencer que, para isso,
precisamos de ter poder. Nós Homens e nós nações. Deixámos de nos preocupar com
a busca da felicidade ou, simplesmente, passámos a acreditar que ter é sinónimo
de ser. Erramos na forma como construímos as nossa sociedade e é, por isso, que
o Homem se continua a afastar da sua essência originalmente boa mas apesar de
tudo, eu continuo a acreditar que cada um de nós a quer voltar a reencontrar e
é isso que me dá esperança.
Margarida Ladeira (Membro da Coordenação Nacional +D)
Os
textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos
órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.
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