sábado, 29 de março de 2014

[Opinião +D] Gastronomia e Teatro



Sobre Gastronomia:

Quando é possível vou por aí e poder apreciar alguma da gastronomia local é um ótimo começo para descobrir uma região, uma cidade uma comunidade. Os vários agentes, com as autarquias à cabeça, esforçam-se para melhorar, divulgar e inovar usando os produtos mais tradicionais que assim podem agradar a um numero mais vasto de interessados e despertar a curiosidade e a empatia.



Sobre Teatro :

Devo em jeito de aviso prévio dizer que a minha ligação afetiva a um projeto de teatro no baixo Alentejo, me condiciona a razão. Com este fator diferenciador, procuro corrigir o erro de paralaxe, em que incorro, na tentativa de acertar no alvo. Este projeto que me motiva neste texto, já tem mais de uma década de vida e uma linguagem própria que enriquece com a constante importação de talento via ateliers, workshops, residências artísticas e proporcionando estágios remunerados a jovens atores. Contrata profissionais do sector, mais ou menos conhecidos e desse esforço pago, e reforço a palavra pago, criou uma presença inovadora, uma estrutura profissional e uma relação com os principais intervenientes sociais da região que se traduzem em inúmeras atuações fora do Concelho e do Distrito de origem. Um Município que possa contar com uma estrutura profissional residente que respira e vive a identidade local e onde encontra a inspiração para as suas intervenções, tem que apesar das dificuldades e constrangimentos de gestão, apoiar aquele que é sem duvida um laço de identidade local. Nesta altura parece-me que é vital para as comunidades que se reforce a sua coesão e auto estima. No entanto, em cima das dificuldades, por todo o país, aquilo que está a acontecer é o alheamento das autarquias pela Cultura e por aqueles que profissionalmente desenvolvem trabalhos sérios, comprometidos e enriquecedores da realidade local, favorecendo soluções de entretém imediato, completamente amorfo e sem envolvimento das populações.

Como na Gastronomia, precisamos que os agentes locais de Cultura consigam criar projetos sustentáveis que envolvam, divulguem e redefinam a realidade das suas comunidades utilizando os produtos locais transformando-os com trabalho e inovação.

Aos autarcas é pedida a capacidade de investir no património imaterial da sua comunidade como nos outros tipos de património, sob pena da agonia das mesmas se acentuar descontroladamente.
São apostas estratégicas. Vamos ver quem as assume.


Carlos Seixas  (membro da Coordenação Nacional do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

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