segunda-feira, 8 de julho de 2013

[Opinião +D] Tempo de falar claro

O Governo lá conseguiu, “in extremis”, aceder à sua sétima e última vida. Não se sabe quanto durará – pode ser apenas até ao próximo orçamento –, mas esta será mesmo a última.

Por toda a oposição, sentiu-se um grande suspiro de alívio, apesar da ruidosa retórica em contrário. Os nossos partidos de esquerda não conseguiram ainda passar da fase adolescente do “estar contra”. O Partido Socialista não quer, na verdade, ir já para o Governo: espera que estes façam todo o “trabalho sujo” por si e pela posterior retoma económica.

O pequeno-grande problema é que, por este caminho, não haverá retoma alguma. Ou a zona euro muda radicalmente – e não se vê como – ou o único caminho possível passará por negociar uma saída: a sós ou, idealmente, em conjunto com outros países.

Este deveria ter sido o momento em que emergisse da sociedade civil um Governo de Salvação Nacional que promovesse esse debate nacional, eventualmente até com um referendo sobre a nossa adesão à zona euro. E que, no plano interno, promovesse uma profunda reforma das leis eleitorais, de modo a regenerar o nosso Parlamento. Com as leis eleitorais e os partidos que temos, não vale a pena ir já para eleições. O resultado será sempre mais do mesmo.

Face a isso, os diversos movimentos políticos emergentes têm que tomar uma decisão – já que o Parlamento não se abrirá, do modo próprio, às candidaturas independentes, das duas, uma: ou avançam para a constituição de um partido que os represente e tente mude as coisas por dentro ou, caso não o queiram (ou o não consigam), só lhes resta encetar uma campanha pelo voto branco (ou nulo) nas próximas eleições legislativas. É tempo de falar claro.






Renato Epifânio (membro da Coordenação Nacional do +D)


Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.



domingo, 7 de julho de 2013

[Opinião +D] Comparativamente

A virtude superior da política não é o uso da força ou o exercício pertinaz da vontade, como imaturamente se diz hoje a propósito de “dama de ferro” e dos seus inevitáveis imitadores de quinta ou sexta ordem. A qualidade específica da política á a aptidão para harmonizar interesses contraditórios, de molde a fazer enquadramento e dar coesão aos esforços individuais e coletivos. Isto é tão verdade que até um político autoritário e ainda por triste sina nossa incompetente, deveria reconhecer que governar era transigir.

Comparativamente jurando Hipócrates, os médicos tem o dever profissional e humano de cumprir e de repensar os deveres da sua profissão, é de importância vital a participação do doente com a sua força de vontade associada às determinações e objetivos do médico, para se atingir o o que os doentes esperam e desejam. O politico e o médico dependem diretamente do povo, ou sejam os que pagam impostos e contribuições, e que votam, felizmente que a cidadania começa a fazer-se sentir com uma participação crescente, que é afinal o principal motivo para que a construção do nosso País seja possível. Aqueles que, em última análise, justificam a existência de médicos, são os mesmos que justificam ministros, mas sempre o povo e com o povo a participar. Se com a participação e intervenção do doente os resultados são positivos e mais rápidos, também com a participação do cidadão na sua rua no seu bairro na sua freguesia na sua Camara e no Governo, a Nação Portuguesa será para todos nós. Parafraseando um cidadão; o homem nasceu para ser feliz e não rico.





Fernando Faria (membro da Coordenação Nacional do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

[Opinião +D] Juventude versus política

Há poucos dias, ouvi um comentário que me fez recordar uma conversa recente com um amigo. Falávamos da falta de interesse dos jovens pela política e o comentário fazia referência à ausência de juventude nos mais recentes protestos e manifestações de rua e a que temos assistido, no nosso país, nos últimos tempos. Esta ausência é, também, visível nos partidos, movimentos e associações cívicas.

É verdade que a maioria da população tende a ser cada vez menos jovem. Também é verdade que a esperança média de vida tem dia vindo a subir e, portanto, hoje em dia é normal considerar-se uma pessoa de quarenta anos, um jovem.

Há quem afirme que a falta de interesse dos jovens não é apenas pela política mas também pela cultura, pela literatura, pela história, pela filosofia, etc. Contudo, olhando para os jovens que conheço mais intimamente não posso concordar totalmente com este tipo de afirmação e, a ser assim, a culpa será unicamente dos nossos jovens?

Este estado de coisas deve-se a quê? Na minha opinião, à falta de orientação para que esse interesse surgisse. Na verdade a maioria dos jovens ouve os seus pais a falar mal dos políticos e da política. São comuns expressões como: “são todos iguais”, “isto é mais do mesmo” e outras que tais ou até bem piores. O descrédito é, assim, a consequência mais que lógica.

Quem são os pais que comentam e/ou falam seriamente de política com os seus filhos ou à frente dos seus filhos? Quantos já os levaram a visitar o Museu da Presidência, a Assembleia da República ou qualquer outra instituição política. Quem oferece livros ou assiste como os seus filhos a um programa de televisão ou a um debate sobre política e se o fazem que tom utilizam para comentar o que vêm e ouvem? Não será um tom depreciativo e critico?

É pena que assim seja. É pena que não surjam mais jovens empenhados, activos e genuinamente interessados pela política. Jovens que não estejam ligados a apadrinhamentos e cunhas partidárias e que nas js apenas procuram um lugar para singrar facilmente na vida.

A juventude é, naturalmente, o período da vida em que o idealismo e o espírito de doação é maior. Não desperdicemos essa dádiva. Quem é pai/mãe, educador, familiar ou amigo tem o dever de incutir nos nossos jovens e crianças o gosto pela defesa dos interesses do país, pela cidadania e por uma democracia cada vez mais participativa.



Margarida Ladeira (Membro da Coordenação Nacional +D)
Este comentário é da exclusiva responsabilidade da sua autora

sexta-feira, 5 de julho de 2013

[Opinião +D] O Nosso Pequeno Mundo

Andamos preocupados com o que será deste país logo que estas birras e brincadeiras de cachopos assistidas pelo palhaço - que nem dessa arte sabe! -, cessem. Apeteceria dizer:  “brinquem até se cansarem” mas cachopos brincados ficam cheios de fome e vêm logo roubar o quinhão de todos, que faz falta a cada um.

Por outro lado, a idade política de alguns já não lhe permite brincar. O que fizeram em governos passados deixou rasto destrutivo da confiança. O modo de vida política que têm cultivado, empobrece os pressupostos até desta farsa de democracia em que vivemos. Afinal, “casar de conveniência” com bom partido para depois de se apanhar com as vantagens do casamento e quando melhor lhe convém, fugir às responsabilidades no momento em que o outro depende totalmente dele, quando sabe que se sair, não é só o casamento que acaba mas o outro que também morre, é estratégia de viúva negra ou louva-a-deus, exemplos dados pela natureza em como o casamento é contranatura… de um dos cônjuges! O problema é que esse modo de vida mais que parasítico, vem de onde seria de esperar a maturidade suficiente para não o repetir, para ter senso e saber orientar o seu rebanho no sentido da estabilidade necessária. Dá-se o caso de o rebanho viver do mesmo modo: a roubar a vida a quem o sustenta. Logo, não nos resta alternativa que seja a criação de consciência individual que isole das pessoas os comportamentos e os condene em separado, regenerado o indivíduo – já que este não se retira enquanto durar a simbiose. Mas se criarmos condições que não permitam tal simbiose e a Democracia Participativa e Direta tem condições para isso, já nos livraremos do parasita político!

 

Maria Leonor Vieira (Membro da Coordenação Nacional +D)
Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

[Opinião +D] Sobre o recente episódio de "assédio" policial no Jardim da Estrela a uma Banca de Assinaturas MaisLisboa.org

É grave aquilo que se passou este domingo, no Jardim da Estrela, quando uma funcionaria municipal abordou primeiro a equipa de recolha de assinaturas pedindo-lhe "uma autorização para estar ali" e depois chamou um polícia municipal para que este, do alto do seu carro eletrico e de uma postura arrogante e exibindo um peito inflado (porventura para disfarcar o perimetro generoso do seu estomago) repetisse novamente a mesma exigência.

NOTA: à luz da Lei em vigor (406/74) os Movimentos de Cidadãos não carecem de qualquer autorização para recolherem as assinaturas de que precisam para se apresentarem a eleições.

É grave porque a coreografia do momento indica que antes de chamar a Polícia Municipal a dita funcionária terá telefonado para um superior hierárquico em busca de instruções e que tendo recebido luz verde invocou a intervenção do agente que percorre todos os dias o jardim de carro elétrico (quando custou e custa ao município este brinquedo inútil e que podia ser substituido por um giro a pé?).

É grave porque deixa transparecer ou uma intenção de prejudicar, assediar ou simplesmente perturbar ações de recolha de assinaturas por parte de movimentos independentes ou um grau de ignorância, impreparação e falta de formação nestes funcionarios municipais que não é fácil de explicar.

É GRAVE porque faz lembrar o tempo em que Lisboa eram proibidas as reuniões de mais de quatro cidadãos e em que as "forças da autoridade" perseguiam todos aqueles que escolhiam exercer o seu Dever de Cidadania. É grave e não devia acontecer numa cidade governada pelo Partido Socialista, o mesmo partido que lutou contra a Ditadura fascista de Salazar e Caetano e que tantos justos pergaminhos mereceu na reinstalacao da democracia em Portugal.

Uma situação que carece que correcção urgente e de um pedido de desculpas formal por parte do Presidente da Câmara de Lisboa à candidatura independente MaisLisboa.org
 



Rui Martins (membro da Coordenação Nacional do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

terça-feira, 2 de julho de 2013

[Opinião +D] Movimentos Independentes - Novas constelação de FUTURO

Em períodos de mudança torna-se relevante atender ao que a história conta, as ciências avançam, a cultura constrói e os atores fazem acontecer. Na história económica os modelos que assentam na cooperação/associação, forma natural de viver, são os que apresentam maior ancestralidade bem como mais capacidade de se ajustarem às mudanças. Não obstante todas as incertezas que se vivem, tanto local como globalmente, temos todas as razões para a esperança. A vida e a humanidade constroem sempre os seus equilíbrios.

Portugal, ao longo da sua história, surge como pioneiro das reformas que foi introduzindo sobretudo no ponto de vista jurídico, quando as necessidades o impunham. Não pode ser de outra forma pois, para viver, é inevitável aceitar e integrar as mudanças. A organização social rege-se por políticas com o fim de regular a vida coletiva. Mas o que antecede qualquer transformação são os movimentos espontâneos que vão ocorrendo e tomando formas diversas. Senão pense-se no processo evolutivo geral: Das poeiras cósmicas à pangeia os movimentos agregadores geram dinâmicas que organizam, formas, espaços, natureza e pessoas. Os movimentos agregadores, de atração consubstanciam a existência. Materializam a vida. Os movimentos dissipatórios, de repulsão, desintegram, criam o vazio. Tudo isto se passa na biosfera, macros-fera, socio- esfera. Tudo isto acontece com os grupos humanos. No que concerne aos agrupamentos humanos e reportando à formação e desenvolvimento das organizações sociais e eu evoluir, estes mantém a força dinâmica da coesão manifestando-se, contudo, na diversidade da forma ou estrutura. A sua expressão social vai se constituindo em “mórulas” de desenvolvimento que originam tecidos e organismos. Estes expandem-se em diferentes constelações mas constituem a afirmação sistémica do TODO RENOVADO. Dão origem a novas e potencializadas configurações e são essenciais ao progresso e DESENVOLVIMENTO. Provam-no os crescentes movimentos de independentes que ligando a expressão atomizada de potencialidades e valores da PESSOA, congregam interesses que se manifestam na UNIDADE E DIVERSIDADE. São afirmação do FUTURO e da ESPERANÇA.





Conceição Couvaneiro (Conselho Geral do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

[Opinião +D] Elogio politicamente incorrecto a Mandela

Não parecem ser frequentes as situações em que a elevação ética coincide com a racionalidade político-económica. Às vezes parece até que estas duas posições são por inteiro incompatíveis…

Vem isto a propósito de Mandela. Justamente, ele tem sido elogiado pela sua elevação ética – em particular, na sua relação com a minoria branca sul-africana. E todos os elogios que se lhe possam fazer nesta área não são demais.

Aqui, porém, vamos elogiar Mandela pela racionalidade da sua posição político-económica. Com efeito, ao não se ter vingado da minoria sul-africana, que impôs, durante séculos, um dos regimes mais hediondamente racistas de que há memória – e ele teria todas as razões para o fazer, pois foi, como se sabe, uma das pessoas que mais sentiram na pele a brutalidade do regime –, Mandela preservou a viabilidade política e sobretudo económica do seu país.
Ao contrário de outros líderes africanos que cederam a essa tentação e, com isso, desmantelaram as alavancas maiores das economias dos seus países – lembre-se o caso exemplar do Zimbabué de Mugabe –, Mandela percebeu bem que expulsar a minoria branca (ou “atirá-la para o mar”, como ainda hoje se ameaça) seria suicidário no plano económico.

Não é pois por acaso que, não obstante todos os seus graves problemas sociais, a África do Sul continua a ser o país mais economicamente pujante daquela região. Ao contrário de outros países – incluindo, é bom não esquecê-lo, algumas ex-colónias portuguesas –, a África do Sul percebeu bem que um regime democrático deve distribuir o mais justamente possível a riqueza criada. Mas, para que tal aconteça, importa primeiro que se crie riqueza. Só se pode distribuir o que existe. Não o que se destrói, por muitas razões que se tenham para tal.






Renato Epifânio (membro da Coordenação Nacional do +D)


Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.