quarta-feira, 2 de outubro de 2013

[Opinião +D] Uma interpretação pessoal dos resultados eleitorais autárquicos em Lisboa

O www.MaisLisboa.org (núcleo local da associação nacional www.MaisDemocracia.org) concorreu em Lisboa em duas freguesias: Estrela (Santos-o-Velho, Lapa e Prazeres) e Penha de Franca (Penha de França e São João). Em ambas, apesar de conseguir melhores resultados que a coligação de três partidos Plataforma da Cidadania e que o Bloco de Esquerda, não ultrapassamos muito os cinco por cento dos sufrágios.

A Plataforma da Cidadania fez um grande esforço de propaganda, instalando muitos grandes cartazes por toda a cidade e nas freguesias onde concorria, o Bloco mereceu (como sempre) de um grande favor mediático, com notícias diárias. Por oposição, as listas MaisPenha e MaisEstrela estiveram quase totalmente fora da agenda mediática em Lisboa e não tiveram mais apoio de propaganda do que fotocopias e cartazes a4 "artesanais".

Se tivéssemos tido orçamentos de campanha de alguma escala teríamos um melhor resultado? Os resultados da Plataforma e do Bloco parecem indicar que não. O mesmo se pode dizer em relação à cobertura mediática... sobretudo, aqui, no caso do Bloco. Nestas eleições, como em todas as anteriores, os Portugueses demonstraram que preferem continuarem a votar no TriPartido ps-psd-pp que governa Portugal em nome da Alemanha e dos Especuladores internacionais a optaram por movimentos independentes e darem assim um sinal do seu descontentamento com a Situação. É certo que noutras autarquias do país (e até em Lisboa, no Parque das Nações) outros movimentos independentes conseguiram bons resultados. Mas esse não foi manifestamente o nosso caso.

Falo aqui apenas em meu nome próprio. Não falo em nome do coletivo MaisLisboa. E é nesse sentido que olhando para trás e vendo duas semanas de férias investidas nas recolhas de assinaturas na Estrela (sobretudo)o e na Penha de França e outras duas em campanha diária (sem nunca encontrar "voluntários" equivalentes dos partidos!) E se compara estes esforço (mais inúmeros fins de semana e noites) que os resultados obtidos sabem a pouco. Esperava mais, muito mais.

Algo falhou. Mais meios de propaganda talvez tivessem merecido mais alguns pontos. Mais divulgação mediática, mais uns quantos outros. Mais voluntários na rua, mais ainda (chegamos a ter equipas com dez pessoas, o que é notável). Com estes três fatores, talvez tivéssemos alcançado... dez por cento. Pouco. Ainda demasiado pouco. O grande fator diferenciador (Rui Moreira no Porto e o Parque das Nações) parece ter sido, nesta questão das votações nos independentes, o fator "pessoa": os eleitores não optaram por votar nos independentes para castigarem os partidos, não optaram por propostas de democracia direta e participativa em prol da estafada "democracia representativa" dos partidos. Os eleitores votaram independente quando este era uma figura de grande destaque local ou mediaticamente relevante. A "pessoa" valeu mais que tudo. Não devia ter sido assim, mas foi.

A reflexão que daqui advém é necessária: vale a pena realizar um esforço tão grande em troca de resultados tão magros? Obviamente, não. Não tornarei a cometer os mesmos erros: recolher assinaturas e a fazer campanha diária em movimentos independentes. Simplesmente, o hiato entre o esforço e o seu produto é demasiado grande. Não nestas nas mesmas condições, isso é certo. Noutras... é algo a avaliar.

E agora? O que fazer com a proposta de democracia direta e participativa que o MaisLisboa trazia para Lisboa?






Rui Martins (membro da Coordenação Nacional do +D)

Os textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.

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