terça-feira, 2 de abril de 2013

[Opinião +D] Novas configurações de poder


Na União Europeia esgrime-se o futuro em contradanças que ameaçam equilíbrios. No ponto de vista económico e político não se vislumbra como tudo irá acabar. A situação do Chipre está longe de ser clara. A Itália vive em descomando, a França não está no melhor dos mundos, Grécia, Espanha e Portugal é o que se sabe, isto para não falar de outros…. Há quem vaticine que a Alemanha, principal responsável por todo este cenário, se encontra periclitante. Com esta panorâmica, não resta senão pensar, talvez nostalgicamente, que o bloco civilizacional dos mais avançados do mundo, se encontra pouco seguro ou a entrar em anunciada decadência estrutural. Ao mesmo tempo outras movimentações se têm registado, a que a panóplia vertiginosa dos acontecimentos, não permite dar a melhor atenção.

Aconteceu, há uma semana 27/28 de Março, em Durban, África do Sul a Cimeira dos BRICS – acrónimo de Brasil, Rússia, Índia, África do Sul -. Estiveram presentes os Presidentes de Angola e Moçambique. Acerca desta cimeira, dos chamados Países emergentes e do seu lugar no mundo, referia Putin numa prévia entrevista: “O BRICS – Brasil, Rússia, Índia e China, associando a África do Sul e outros Países de África com intenção de se lhe juntar – constituem elementos chave do mundo multipolar em formação”. Grandes transformações como: O Conselho Empresarial dos BRICS, a Zona
do Comércio Livre Transatlântico, um Banco de Desenvolvimento e um Fundo para o Desenvolvimento, (equivalente ao FMI). Dado a sua extensão nos Continentes e às políticas que tem vindo a traçar não há dúvida que estaremos a assistir ao esboçar eminente de outras configurações geopolíticas e estratégicas. Se atendermos a que estes constituem 42% da população do mundo, tendo, no seu seio, os países mais populosos; se pensarmos que ocupam ¼ da superfície terrestre, que possuem 20% do PIB Mundial e 45% da população que trabalha; se contarmos que possuem uma população jovem e em rápida evolução nos domínios científicos e tecnológicos, não restarão dúvidas que, resolvidos alguns problemas, podem, a breve trecho, fazer colapsar as economias mais ricas do mundo atual, definindo novos enquadramentos. Poderão vir a influenciar o equilíbrio geopolítico e geoestratégico de agora, gerando novos blocos estruturais.

Mesmo os mais cépticos, relativamente à transformação de um mundo em devir, facilmente aceitarão que, o que foi seguro deixou de o ser e que se redesenham, na cena mundial, novas cartografias.

A evolução não poderá deixar de ter na base uma ampla tomada de consciência de cada um na história e que, os seus posicionamentos devem levar a que se esbocem outras configurações de poder. Em que a participação emirja das BASES, dando força à cidadania. Que o poder se situe aí, onde os afetos, a história e as cumplicidades se façam sentir. Importa estar alerta para este novo tempo em construção e ser capaz de o assumir com determinação. Participar na mudança pois o que foi já não é, tanto
localmente como no espaço mundo. Está nas mãos de cada um configurar novos espaços de PODER.






Conceição Couvaneiro (Conselho Geral do +D)

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