[Opinião +D] Os parvos

O primeiro-ministro teima que o bom modelo de desenvolvimento económico é descer os salários, que isso ajuda a combater o desemprego. Não admira que o governo bata recordes sucessivos de impopularidade, mas isso é proporcional à sua estupidez. O salário mínimo ronda os 500 euros por mês, o que não serve para ninguém viver com dignidade mínima. Se o projecto do governo é transformar o país num oásis de mão-de-obra barata para competir com os têxteis do Bangladesh e das ilhas Maurícias, tenho uma má novidade para lhe dar: na Europa ninguém trabalha por tão pouco (e lembrem-se que 500 euros serviriam para muito mais no Bangladesh do que cá) e, à primeira oportunidade, encher-se-ão camionetas de novos e velhos para escapar à miséria, rumo à Europa dita “civilizada”. No outro dia, alguém dizia na televisão que este 2 de Março tinha tido muito mais velhos que novos e que estes pareciam ter-se eclipsado das manifestações de indignados. Pois eu digo-vos onde os jovens andam agora: na Alemanha, na Suíça, na Inglaterra e por Angola e Moçambique. As pessoas não são parvas.

José  Diogo Madeira (Membro da Coordenação Nacional +D)